terça-feira, abril 11, 2006

PADROEIRA





Isabel, filha do rei de Aragão e esposa do rei de Portugal, parece uma personagem irreal

Nas pompas do reino, entre os luxuosos vestidos das damas, as intrigas da corte, os ciúmes, as infidelidades, os ódios, as rivalidades amorosas, os adultérios, os arrependimentos, desenrola-se o drama deuma autêntica heroína da santidade feita de amor, perdão, lágrimas escondidas, silêncio magnânimo.

Isabel nasceu na Espanha em 1271. Entre seus antepassados existem santos, reis e imperadores. Seu pai, Pedro II, rei de Aragão, quando nasceu a filha Isabel, era ainda um jovem príncipe, com uma enorme vontade de se divertir. Assim deixou que fosse o avô Tiago I, convertido à vida devota, a ocupar-se da educação da neta. Sobre o leito de morte, acariciando a menina de seis anos, o velho previsse que ela se tornaria a pedra preciosa da casa de Aragão. A profecia realizou-se. Apenas com doze anos, Isabel foi pedida em casamento por três príncipes. Os pais escolheram-lhe o mais próximo. D. Dinis, herdeiro do trono de Portugal, que colocou sobre a cabeça da jovem esposa o diadema de rainha, e sobre seus ombrosa pesada cruz de uma convivência de mártir.

Isabel deu ao rei dois filhos: Constância, futura rainha de Castela e Afonso, herdeiro do trono de Portugal. As numerosas aventuras extraconjugais do marido humilhavam-na profundamente. Mas Isabel mostrava-se magnânima no perdão criando com os seus também os filhos ilegítimos de Dinis, aos quais reservava igual afeto. Dinis, por sua vez deu-se a sentimentos de ciúme a ponto de dar crédito às calúnias e insinuações de um cortesão. Mas a inocência de Isabel triunfou. Entre seus familiares, constantemente em luta, desempenhou obra de pacificadora, merecendo justamente o apelido de anjo da paz.
Conta-se que, no ano de 1333, em Portugal, houve uma fome terrível, durante a qual nem os ricos eram poupados. Para aliviar a situação de fome, D. Isabel empenhou suas jóias e mandou vir trigo de lugares distantes para abastecer o celeiro real, e assim manter seu costume de distribuir pão aos pobres durante as crises.
Num desses dias de distribuição, apareceu inesperadamente o rei.
Temendo a censura, ela escondeu os pães no regaço.
O rei percebeu o gesto e perguntou surpreso:
- Que tendes em seu regaço?
A rainha, erguendo o pensamento ao Senhor, disse em voz trêmula:
- São rosas, senhor.
O rei replicou:
- Rosas em janeiro?
Deixai que as veja e aspire seu perfume.

Santa Isabel abriu os braços e no chão, para pasmo geral, caíram rosas frescas, perfumadas, as mais belas até então vistas. O rei Diniz não se conteve e beijou as mãos da esposa, retirando-se enquanto os pobres gritavam: Milagre, milagre!
Mais tarde, o príncipe Afonso organizara um levante contra o rei, seu pai.Isabel procurara todos os meios para afastar o filho dos planos sinistros. Não obstante houve quem acusasse a rainha de combinação como filho revoltoso. O rei, sem examinar a questão, expulsou a rainha do palácio, dando-lhe por morada uma casa de campo. Isabel apelou para Deus, que não tardou em patentear a inocência da rainha.Morto o marido, não podendo vestir o hábito das clarissas e professar os votos no mosteiro que ela mesma havia fundado, fez-se terciária franciscana. Duas Peregrinações fez a Compostela, na Espanha; a primeira, logodepois da morte do marido, e a Segunda por ocasião de um jubileu. Esta última foi feita a pé, e em companhia de duas empregadas, fazendo as três romeiras a penitência de viver de esmolas que pediam no caminho.
D.Diniz morreu cristãmente. Isabel por seu turno pediu admissão no convento das religiosas de Santa Clara, em Coímbra, de que era fundadora.
Após ter deposto a coroa real no santuário de São Tiago de Compostela e haver dado seus bens pessoais aos necessitados. Viveu o resto da vidaem pobreza voluntária, dedicada aos exercícios de piedade e demortificações. A quem lhe recomendava um pouco de moderação nas penitências cotidianas que se impunha, respondia:
"Onde, se não na corte, são mais necessárias as mortificações? Aqui os perigos sãomaiores".

Isabel morreu em 1336, na idade de 65 anos. Trezentos anos depois da morte foi-lhe o corpo encontrado sem sinal de corrupção,exalando perfume deliciosíssimo. Grandes milagres Deus se dignou fazerno túmulo de sua serva. Isabel foi canonizada pelo Papa Urbano VIII, no ano de 1625.

in U. Lusiada


Hoje correu-me bem o dia por um motivo especial e agradeço-te

10 comentários:

Tetracloro disse...

Corre-te bem o dia e agradeces à Santa Isabel das Rosas. Hmmmm

Sendyourlove disse...

Obrigada pela lição de história...muito linda.
E fico feliz pelo teu feliz dia.

Ana P. disse...

Sabes que U2 é a minha banda de eleição????

Foi bom chegar mal disposta e depois sorrir ...

Obrigada...

Beijinho

Alma Minha disse...

Só passei para desejar Páscoa Feliz!!!
Bjs

Meia Lua disse...

Que bom teres motivos para te sentires bem e para o teu dia ter corrido pelo melhor. Gosto de uma boa história, bem contada e verdadeira. beijinho grande e continuação de tudo o que te fez sentir tão bem e permitiu a inspiração de escreveres este post.

Luna disse...

Adorei, Santa Isabel era uma iniciada nos caminhos secretos da sabedoria.
Agora fiquei espantada com um tema tão sério posto por ti, pois desde que te leio, estas sempre na brincadeira, e o sexo é permanente ainda que implicito. Não é uma critica, mas gostei de conhecer este teu lado sério
beijos

Sol disse...

OK...
Momento de história...
Queres uma rosa???

:))Beijoquinha

hala_kazam disse...

espero que tenha metido rosas :)

*beijos e boa pascoa*

Avó do Miau disse...

Alexandre, desejo-lhe uma Páscoa muito feliz, junto de todos aqueles que mais estima!
Um abraço da sempre amiga,
Daniela

Anónimo disse...

Que texto óptimo, Alex! Ás vezes é bom poder saber mais das coisas só assim, sem ter de ir aos "calhamaços"... seja como for, ainda bem que tiveste um dia bom, porque escolheste um post muito inspirado. Que os dias assim sejam incontáveis para ti!